A criação da Secretaria Estadual para Assuntos do Sistema Rodoviário Ponte Salvador-Ilha de Itaparica (Seponte) abriu um novo confronto político entre governo e oposição na Bahia. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) enviou, nesta terça-feira (9), à Assembleia Legislativa (ALBA), o projeto de lei que institui a pasta, com a justificativa de acelerar a execução da obra anunciada em 2009 e ainda sem previsão de conclusão.
“Apresentamos uma proposta de estrutura bastante enxuta, mas com uma gestão firme e bem definida. Trata-se de um projeto especial e estratégico, tanto pelo valor do orçamento quanto pela sua importância. Vamos encaminhar a proposta para que a Assembleia possa apreciá-la. No retorno, quando houver a sanção, poderemos então divulgar os nomes que poderão compor essa secretaria”, afirmou Jerônimo.
A ponte Salvador-Itaparica foi prometida há quase duas décadas, ainda no governo Jaques Wagner, com orçamento inicial de R$ 2,5 bilhões e previsão de entrega em 2013. Desde então, atravessou as gestões de Wagner, Rui Costa e Jerônimo Rodrigues sem sair do papel. Em 2020, Rui Costa assinou contrato com uma empresa chinesa prevendo entrega em 2025, prazo posteriormente adiado para 2029. O valor do empreendimento já ultrapassa R$ 10 bilhões, e o consórcio responsável solicitou, em maio de 2025, um aporte adicional de R$ 1,5 bilhão ao Banco do Nordeste.
A oposição reagiu com críticas à proposta de criação da Seponte. O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), principal adversário do atual governador, classificou a obra como símbolo do descaso do PT com o estado. “A ponte Salvador-Itaparica, infelizmente, se transformou no maior estelionato eleitoral cometido pelo PT em quase 20 anos, exercendo o poder no estado da Bahia”, disse Neto em um vídeo publicado nas redes sociais.
“Depois de quase 20 anos no poder, de tantas promessas, Jaques Wagner, Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, depois de a gente não ver uma estaca sequer batida até hoje, de mais de meio bilhão de reais gastos só em projetos e estudos, o que o governador faz? Ao invés de dizer a data que a obra vai começar, ao invés de dizer que dia vai entregar a ponte, ele anuncia a Secretaria da Ponte, criando cargos, desperdiçando dinheiro público, jogando fora o dinheiro do cidadão baiano. Isso é um desrespeito, é uma pouca vergonha”, acrescentou.
O vereador Alexandre Aleluia (PL) também criticou a proposta. “Depois de mais de uma década de promessas para a construção de uma ponte o governo do PT baiano criou a Seponte, a Secretaria da Ponte. Não é piada. É isso mesmo. Surreal”, escreveu no X.
Já o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), líder do governo de Jerônimo Rodrigues na AL-BA, defendeu a iniciativa. “É natural em projetos dessa magnitude. Quando foi construída a Ponte Rio-Niterói, também se criou uma secretaria especial. Em outros casos, como no Rio Grande do Sul, diante da emergência, foi criado até um ministério específico”, argumentou.