Durante a primavera e já na contagem regressiva para a chegada do verão, as praias da capital baiana registram aumento de movimento de banhistas. E, mesmo antes da alta temporada, especialmente diante das condições de mar agitado, típicas de setembro, medidas preventivas são recomendadas para evitar acidentes e até mortes.
A Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar) orienta que os frequentadores das praias redobrem a atenção, especialmente em pontos como o Jardim de Alah, Stella Maris e Farol de Itapuã, por conta do relevo morfológico, das correntes e das forças das ondas. Além disso, os banhistas devem evitar ficar em cima de pedras, corais e outras estruturas escorregadias, além de ser recomendado que sejam respeitadas as sinalizações e priorizados locais onde há salva-vidas.
No entanto, os números mostram que muitos banhistas ignoram ou subestimam os riscos. Neste mês de setembro, quatro mortes foram registradas nas praias de Salvador: dois homens morreram, após afogamento em praias do Rio Vermelho; e os corpos de Lucas Santana, de 18 anos, foi localizado na praia de Amaralina, e o de Yuri Machado Rocha, de 27 anos, resgatado após seu desaparecimento na praia de Boa Viagem.
Dados da Salvamar apontam que, entre janeiro e 15 de agosto deste ano, 235 casos de afogamento nas praias da capital baiana. Neste mesmo período, em 2024, haviam sido 641 ocorrências, o que representa uma redução de 63,34% no número de incidentes na orla da cidade.
De janeiro a agosto de 2025, o 13° Batalhão de Bombeiros Militar (13° BBM/Bmar) realizou 102 resgates de afogamentos no meio líquido em Salvador e, segundo a corporação, todas as vítimas estavam com vida quando foram retiradas da água. No mesmo período deste ano, o Bmar informa que realizou 4.963 ações preventivas.
No ano passado, também até agosto, o quantitativo de resgate e afogamentos no meio líquido foi de 99, e segundo o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), todas as vítimas foram retiradas da água com vida. Nos oito primeiros meses de 2024, a corporação realizou 12.351 ações preventivas na capital baiana.
Dicas de segurança
Para evitar tragédias durante o banho de mar, uma série de recomendações devem ser seguidas. Dentre elas, o Salvamar recomenda que as famílias estejam sempre atentas aos movimentos das crianças: “recomendamos a distância de um braço de distância, principalmente na água. Se uma criança desaparecer, peça ajuda imediatamente.
Geralmente, as crianças seguem para o lado oposto ao sol e aos ventos”, detalha a pasta. Independentemente da idade do banhista, a orientação é que, quando a pessoa for nadar, o ideal é que vá acompanhada. Em caso de dificuldades dentro da água, o banhista deve pedir socorro, fazendo movimentos com os braços para chamar a atenção das pessoas e/ou socorristas.
Outro ponto de atenção é aos saltos. “Jamais faça saltos na água e evite mergulhar de cabeça, principalmente em locais sem salva-vidas e que não são destinados a essa prática”, indica o Salvamar, destacando ainda que o salva-vidas é quem melhor conhece os riscos do mar, é quem sabe onde estão as correntes, valas, buracos e bancos de areia, por isso, ao chegar na praia, os banhistas devem pedir orientações a esses profissionais e não deixar de segui-las.
Dentre as dicas de segurança da Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador, estão: não entrar no mar ou nadar sob o efeito de bebida alcoólica; não se banhar antes de passadas três horas das refeições; e nadar em paralelo à praia. Além disso, o CBMBA destaca as seguintes medidas preventivas: conduza crianças perdidas ao posto de guarda-vidas; nade longe de pedras, estacas ou piers; nunca tente salvar alguém em apuros se não tiver confiança em fazê-lo.
Conforme o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, a capacidade de nadar não deve ser superestimada, pois mais de 45% dos afogados acreditam saber nadar. Além disso, a corporação informa que mais de 80% dos afogamentos ocorrem em valas, que são o local de maior correnteza, apesar de aparentarem uma falsa calmaria que leva para o alto mar. “Se você entrar em uma vala, nade transversalmente a ela até conseguir escapar ou peça imediatamente socorro”, alerta o CBMBA.
Por não seguir essas recomendações, a professora Laura Oliveira quase foi vítima de uma tragédia. “Estava na praia de Lauro de Freitas, com um amigo, quando entrei no mar e achei que estava até calmo. Fui caminhando cada vez mais para o fundo até que caí em uma vala e me desesperei, porque comecei a ser levada pela água. Em vez de pedir socorro, tentei boiar e isso foi pior, porque fiquei mais longe da areia. A minha sorte foi que duas moças estavam perto e me ouviram gritar. Alguns banhistas entraram na água e graças a Deus, conseguiram me resgatar. Por pouco, não estaria aqui para contar essa história. Depois disso, não entro no mar sem perguntar se é seguro e não saio de perto da areia”, contou.