Os ataques contra o patrimônio público em Salvador têm causado prejuízos e insegurança nos bairros da cidade. Desde furtos de cabos elétricos, depredação de monumentos, quebra de equipamentos de lazer e até destruição de mobiliário urbano recém-instalado, a conta recai sobre a administração municipal, que já soma perdas milionárias com reparos que poderiam ser evitados.
Em 2024, a Prefeitura de Salvador desembolsou mais de R$ 600 mil somente com a recuperação de monumentos vandalizados. Embora alarmante, a quantia não representa a totalidade do impacto financeiro. O rombo causado por furtos e depredações no sistema de iluminação pública, por exemplo, atingiu quase R$ 2 milhões no mesmo ano, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). Os dados mais recentes mostram que apenas entre janeiro e abril de 2025, foram registradas 398 ocorrências envolvendo ataques à rede de iluminação da cidade, resultando na perda de mais de 10 mil metros de cabos elétricos e um prejuízo estimado em R$ 890 mil.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o volume de cabos subtraídos quase dobrou, o que aponta para a sofisticação e expansão da ação de criminosos. Regiões como Brotas, Valéria, Nova Brasília, Uruguai, Lobato, Pituba, Águas Claras e Rio Vermelho aparecem entre as mais afetadas. Se engana que os danos ocorrem em locais desertos e sem iluminação: praças, campos de futebol e vias recém-requalificadas também são alvos dos vândalos, cujos furtos e depredações comprometem a segurança de pedestres e moradores.
Nos bairros mais periféricos, moradores relatam não apenas a repetição das ocorrências, mas também a ausência de respostas efetivas. Em algumas localidades, como em Nova Brasília e Valéria, o vandalismo atinge inclusive equipamentos que ainda nem haviam sido oficialmente entregues à população. No final de 2023, um campo de futebol em Valéria foi alvo de três ataques seguidos: roubaram os refletores, os cabos e ainda destruíram parte do alambrado.
Para tentar conter a escalada, a Prefeitura tem investido em tecnologias consideradas “antivandalismo”, com a instalação de postes blindados e a substituição de fios de cobre por materiais menos visados, como o alumínio. A Diretoria de Serviços de Iluminação Pública (Dsip), vinculada à Semop, afirma que monitora diariamente os pontos críticos e mantém frentes de atuação emergencial para reposição dos danos.
A Guarda Civil Municipal reforçou o patrulhamento preventivo em áreas com histórico de ocorrências e ampliou o uso do videomonitoramento do CICOMV — Centro Integrado de Inteligência, Comando e Videomonitoramento — mas admite que o desafio é de longo prazo.
A atuação das forças de segurança enfrenta também a dificuldade de flagrante. Segundo a Guarda Municipal, muitos desses furtos ocorrem de madrugada e os criminosos usam uniformes falsos, se passando por equipes de manutenção. O crime de dano ao patrimônio público é previsto no artigo 163 do Código Penal, com pena de detenção de seis meses a três anos. Ainda assim, a impunidade e a revenda clandestina de materiais furtados — sobretudo o cobre — alimentam a prática.
Monumentos – Monumentos artísticos e históricos também não escapam. Entre os alvos estão esculturas na Barra, no Campo Grande e no Comércio, onde pichações, quebras e tentativas de furto de peças metálicas foram frequentes. Especialistas acreditam que parte da maioria decorre de puro vandalismo e tráfico de sucata. A restauração desses bens exige serviços especializados, o que eleva os custos e retarda a reposição.
A prefeitura reforça que a população pode — e deve — colaborar. As denúncias de atos de vandalismo podem ser feitas pelo telefone 156 ou diretamente pelo WhatsApp da Guarda Civil Municipal: (71) 99623-4955.